Erothides de Campos
Cadeira 07
Erothides de Campos nasceu na cidade de Cabreúva, interior de São Paulo em 15 de outubro de 1896. No universo da música constam várias peças com o nome Ave-Maria. Muitos célebres são as de Charles Gounoud, de Franz Schubert, Giuseppi Verdi, Bonaventura Somma, Giácomo Puccinni. O Brasil também contribuiu com a sua Ave-Maria. Não no campo clássico, mas no popular. Falamos da célebre Ave-Maria composta por Erothides de Campos, que era compositor de marchinhas, sambas, choros, pianista e tocador de vários instrumentos.
Foi professor de física e química e passou parte da sua vida na cidade de Piracicaba. Em algumas composições, Erothides costumava assinar com o pseudônimo de Jonas Neves o que induziu muitas pessoas acreditarem que esse Jonas seria outro compositor, quando na verdade era o próprio Erothides. A valsa Ave-Maria foi composta em 1924 e gravada em disco de cera por Pedro Celestino, irmão do cantor e ator Vicente Celestino. Na época não obteve consagração popular. Mas, em 1939, o cantor Augusto Calheiros, de voz afinadíssima e dono de agudos peculiares, nascido em Maceió, em 05 de junho de 1891 e falecido no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de 1956, gravou esta valsa e tornou-a conhecida nacionalmente. Depois desta, outras ave-marias enriqueceram o cancioneiro popular brasileiro. Por exemplo: Ave-Maria no Morro, de Herivelto Martins, Ave-Maria dos Namorados, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia e Ave-Maria Sertaneja, de Júlio Ricardo e O. de Oliveira, tão bem interpretada por Luiz Gonzaga.
Erothides de Campos foi piracicabano por escolha e vivência pois ainda menino, foi morar em Piracicaba em companhia do tio, Luis da Silveira Neves, em 1908. Desde criança, sua vocação para a música despertou a atenção dos professores e da família. Aos pais, músicos e muito pobres, não escapou o talento precoce do filho, que aos 8 anos de idade, já estudava piano com Francisca Júlia da Silva, poetisa de renome e pianista, ao mesmo tempo em que cursava escola municipal de Cabreúva. Em 1905, um padre salesiano, ouvindo falar dos dons do menino, levou-o a estudar no Liceu Coração de Jesus, em São Paulo. O seu virtuosismo na flauta, apesar da tão pouca idade, surpreendeu a todos. Mas, passando as férias em Cabreúva, em 1907, Erothides foi atacado por tifo e teve que abandonar os estudos em São Paulo.
Chegando a Piracicaba, Erothides de Campos integrou a já famosa orquestra piracicabana que se apresentava nos cines Iris e Politheama. Participou, também, da Banda União Operária. Estudou na Escola Normal - atual "Sud Mennucci". Formou-se em 1918 e foi lecionar na escola da estação de Monjolinho, em São Carlos. Conseguiu a segunda nomeação, retornando a Piracicaba onde lecionou no Grupo Escolar de Tanquinho e, depois, no de Dois Córregos. Em 1921, casou-se com Maria Benedita Germano.
De 1923 a 1932 ficou em Pirassununga, atendendo ao convite do então prefeito e futuro interventor de São Paulo, Fernando Costa. Mas voltou a Piracicaba em 1932, nomeado como professor de Química do Curso Complementar, anexo à Escola Normal.
São mais de 230 as composições de Erothides de Campos, entre peças editadas e não editadas. Usando pseudônimos, Erothides de Campos acabou sendo vítima de um grande equívoco: a sua mais famosa composição, a "Ave Maria", foi composta com o nome de Jonas Neves, na verdade parte de seu nome, Erothides Jonas Neves de Campos. Isso lhe custou a retenção, após sua morte, dos direitos autorais pela SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais). Apenas em 1985, o jornalista Luiz Thomazi conseguiu desfazer o equívoco, permitindo, à viúva Tita, usufruir dos direitos autorais.
Erothides de Campos morreu repentinamente, em 20 de março de 1945, com 49 anos de idade, quando elaborava a capa do "Cancioneiro Escolar", com músicas suas. Faleceu tendo ao seu lado, na cabeceira de sua cama, seu grande amigo Elias de Mello Ayres.
