Henrique da Mota Fonseca Júnior
Cadeira 23
Filho de Henrique da Motta Fonseca e de dona Rosa de Jesus Fonseca, nasceu Henrique da Motta Fonseca Júnior na cidade do Porto, em Portugal, a 22 de janeiro de 1880. Acompanhando a família, veio para o Brasil com doze anos de idade.
Em São Paulo fez o Curso de Desenho e Pintura no Liceu de Artes e Ofícios onde obteve uma medalha pelos trabalhos apresentados. Dotado de verdadeiro pendor artístico, não pode resistir à atração que sobre ele exercia o teatro. Com 18 anos apenas, não vacilou em seguir a então apreciada Companhia Teatral do festejado ator Luís Carrara. Percorreu assim as cidades mais importantes do interior paulista, colhendo merecidos aplausos pelas suas representações e impecáveis caracterizações. Tendo seguido, em 1901, a Companhia Teatral Carrara a Porto Ferreira, aí resolveu fixar residência porque sentiu que podia contribuir com sua experiência para aprimorar os anseios artísticos da hospitaleira população, constituída em sua maioria de patrícios seus. Integrou-se de tal modo à vida da cidade que, em 1905 casou-se com Inácia Pires Zadra, da sociedade Ferreirense, filha do prestante cidadão David Zadra e de dona Pedrina Pires Zadra, primeira professora pública primária daquela cidade.
Ao lado de suas atividades como cidadão e artista, passou a exercer o jornalismo, sendo um dos organizadores e colaboradores dos jornais “O Escolar” e o “Arauto”, fazendo muitas vezes de redator, revisor, paginador e até impressor. Foi um dos animadores das festas populares e religiosas da cidade, as quais emprestava sua capacidade de organizador e seu talento de orador.
Embora fosse casado e com filhos, resolveu, para aprimorar sua já boa cultura, matricular-se na antiga Escola Normal de Pirassununga, pela qual se diplomou em 1915. Foi por essa época, ainda aluno do Curso Normal, que compôs a letra do hino “11 de Junho”, musicado por Francisco Camargo, então professor de música do estabelecimento.
Formando-se, exerceu com dignidade o magistério primário no município de Porto Ferreira, de cuja vida foi um dos animadores, tomando parte ativa em todas as manifestações do seu progresso artístico e cultural. Tendo sido nomeado professor de Desenho do Curso Complementar da Escola Normal de Pirassununga, para esta cidade mudou-se com sua família em 1923. Logo começou a desenvolver intensa atividade artística, como era de seu temperamento. Deixando a cadeira de Desenho, foi nomeado professor de Português do Curso Complementar, cargo que exerceu com brilho e dedicação até seu falecimento, em 24 de janeiro de 1932.
Em benefício da Linha de Tiro da Escola Normal fez representar, em 1930, no Teatro Politheama a peça patriótica de sua autoria “Loucura pela Linha de Tiro”, com uma apoteose à República. Os papéis foram representados por alunos do Curso Normal. Seus principais colaboradores neste espetáculo foram o saudoso professor e compositor Erothides de Campos e a dinâmica professora Lídia Del Nero.
Poeta inspirado, escreveu poemas e muitas letras para composições do genial Erothides de Campos, de quem era grande amigo, do maestro Francisco Camargo e de Arthur Del Nero. Foi também autor da letra do hino da então Escola Normal Livre de Santa Rita do Passa Quatro, com música do professor e maestro Francisco Camargo, em 1930.
Fiel às suas tendências artísticas e culturais, também contribuiu para o brilhantismo dos cursos carnavalescos em Pirassununga, com a montagem de belos e originais carros alegóricos que conquistaram o primeiro prêmio.
Faleceu no dia 24 de janeiro de 1932, aos 52 anos, e, cumprindo-se seu desejo, foi sepultado na cidade de Porto Ferreira.
