Francisco Franco de Souza
Cadeira 40
No dia 4 de Setembro de 1886 nasceu em Pirassununga Francisco Franco de Souza, um senhor que após a morte colocaria nossa cidade nos noticiários do Brasil inteiro. O Tenente Francisco Franco de Souza era mais conhecido como “Chico Sombração” e no dia 25 de Agosto de 1912 assumiu o comando da Linha de Tiro 22. Exerceu numerosas atividades em Pirassununga, ganhando fama e repercussão ampla.
Na edição do jornal O Movimento de 22 de agosto de 1943, começou a publicar semanalmente uma pequena coluna que durante 25 anos se tornou o ponto inicial da leitura do jornal. Esta coluna se intitulava “Dito Nhora” e tinha um sapo numa bicicleta. Chico Sombração assinava a coluna como “Anhanguera”.
De família humilde, o sr. Francisco Franco de Souza foi alfabetizado quando tinha 18 anos. Na sua vida agitada e rica de acontecimentos ele trabalhou na lavoura, possuía uma fábrica de fogos de artifício (que explodiu causando muito danos materiais) e clinicou num consultório instalado próximo a sua casa sob a responsabilidade de um médico e que aqui residiu alguns anos.
Para estudar Medicina, primeiro aprendeu o alemão, já que não existia na época livros sobre aquela ciência impressos na nossa língua. Além do alemão, aprendeu também, sem professor, o francês, o latim e o espanhol. Ao correr dos anos aprofundou-se no estudo da Botânica, Contabilidade, Psicologia, Sociologia, Teologia, Ciências Políticas e Sociais.
Conferencista de escol fez palestras sobre Euclides da Cunha e suas obras em várias cidades paulistas e de outros estados. Durante uma fase de sua vida dedicou-se ao estudo do Espiritismo e teve ativa participação política. Amigo íntimo de Monteiro Lobato, cuja visita recebeu em sua casa na rua 13 de Maio, esquina com Sete de Setembro, Francisco manteve correspondência frequente com aquele famoso escritor.
Casado com a dona Maria Franco de Souza, teve os filhos Aristeu (casado com a sra. Anália Prado F. de Souza), o prof. Breno (casado com a sra. Maria Papa de Souza), a profa. Maria (casada com o sr. Américo Denariol), Diva (casada com o prof. Henrique Ferreira dos Reis) e Ernani (casado com a dra. Ida Franco de Souza).
Ninguém sabe ao certo a origem de seu apelido, Chico Sombração. Uns dizem que lembra sua vida boêmia, de serenatas. Outros dizem que ele costumava pregar sustos aos amigos, na calada da noite.
Antes de falecer, vítima de síncope cardíaca, “Chico Sombração” disse a um neto que havia escrito para si próprio um epitáfio. A inscrição, segundo seu desejo deveria ser colocada no túmulo simples, em campa rasa. Um amigo se encarregou de fazer a placa em bronze e a família mandou colocá-la no túmulo de Chico Sombração. Os anos se passaram e no ano seguinte ao da morte de Chico Sombração, o prefeito da cidade de Pirassununga, na gestão 1969/1972, era o senhor Lauro Pozzi. Ao saber através de seu secretário de gabinete do epitáfio colocado na lápide, no Cemitério Municipal, não titubeou. Ordenou arbitrariamente que fosse retirada o epitáfio de sobre sua lápide. A família do professor procurou o advogado João Nascimento Franco visando recolocá-lo. João Nascimento Franco fez tudo o que era possível e a ação rendeu-lhe o primeiro lugar de “melhor arrazoado forense” concedido pelo IASP. O prefeito Lauro Pozzi recorreu da decisão encaminhando o fato ao Conselho de Segurança Nacional e ao Tribunal de Justiça do Estado. Somente em sede de recurso extremo oferecido ao Supremo Tribunal Federal, é que o voto magistral do ministro Bilac Pinto conduziu a recolocação do epitáfio.
No dia 25 de Maio de 1975, por ordem do prefeito Antonio Carlos Bueno Barbosa (Tatalo), e após muita polêmica na Câmara Municipal, o epitáfio foi recolocado.
Chico Sombração faleceu no dia 9 de Novembro de 1968, aos 82 anos. No Cemitério Municipal encontra-se a lápide com o epitáfio que o transformaria em uma lenda, dando muita notícia aos jornais na década de 60 e 70.
